A Opinião

maio 31, 2006

Energias Positivas

Portugal é uma das economias do mundo que mais sofre com a galopante subida do preço do petróleo. Previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que a economia do nosso pais vai ser a economia desenvolvida mais desequilibrada do mundo. O aumento dos preços do petróleo implica o aumento do défice da balança corrente e da divida externa, e a redução do crescimento económico. Esta é uma das grandes causas da crise, a par da baixa competitividade.

Os números falam por si: 86% da energia consumida no nosso país provem da importação de combustíveis fosseis, que custam 11% do total das importações, mas este numero tem vindo a pior, com os aumentos dos preços do petróleo e do gás natural. Por cada dólar de aumento no preço Portugal gasta mais 100 milhões de euros.

O Director geral do FMI, Rodrigo Rato, refere que “antes o preço do bruto aumentava em função da procura (...) mas agora aumenta por causa de problemas de oferta e este risco está a agravar-se”. Um desses problemas provem do quarto maior produtor do mundo, o Irão, que tem ameaçado cortar as suas exportações.

Face a estes aumentos, a solução passa por aumentar a competitividade e a produtividade da economia nacional, mas principalmente reduzir rapidamente a dependência face a recursos energéticos importados, apostando em energias renováveis.

Neste momento, o nosso pais tem capacidade para produzir apenas 14% da energia que consome e da que produz, 63% provem do gás, carvão e fuel, totalmente importados.

Da energia produzida apenas 16% provem de fontes renováveis, embora esta percentagem duplique em anos de chuva. Este valor é insignificante para um país que possui enormes potencialidades na maioria das energias renováveis. A União Europeia definiu como meta 39% de utilização de fontes renováveis em 2010, para além disso é importante a redução de emissões de CO2 para cumprir o protocolo de Quioto.

As energias mais utilizadas são a hidráulica, a térmica e a eólica, embora hajam algumas em fase de experimentação como a fotovoltaica e a dos oceanos. O preço elevado dos equipamentos afecta o seu investimento e a sua competitividade.

Energia eólica

Portugal é o quinto maior investidor do mundo na energia dos ventos.

Esta é uma das melhores formas de reduzir a dependência energética. Para isso, será criado um cluster energético com investimentos maioritariamente privados que inclui empresas produtoras de aerogeradores. Um cluster é “uma zona geográfica com varias empresas com actividades semelhantes que partilham mercados de trabalho, serviços e infra-estruturas”.

Energia dos Oceanos

O nosso país será pioneiro, a nível mundial, na produção de electricidade com recurso à força das ondas do mar, tendo como objectivo de assegurar 20% da produção total de energia em 2020.

Este projecto será construído na Povoa do Varzim, e é constituído por três maquinas Pelamis de 142 metros de cumprimento que ficaram a flutuar.

A empresa que instalou os equipamentos conta instalar ao todo 30 maquinas , que serão construídas no nosso país.

A nuclear como solução

Na década de 50 houve a possibilidade da construção de uma central nuclear em Peniche.

O tema foi relançado pelo empresário Português Patrick Monteiro de Barros, que apresentou no ano passado um projecto para a construção de uma central nuclear com reactores de “terceira geração”. Este projecto prevê a instalação da maior central energética do país, que resulta de um investimento de 3,5 mil milhões de euros, não contando com os investimentos indirectos.

Portugal teria enormes vantagens, pois permitiria resolver os problemas de elevada dependência do exterior, permitindo a utilização de urânio, recurso abundante em Portugal.

Em todo o mundo existem 450 centrais nucleares, o que prova que esta é a energia inesgotável mais barata, a mais limpa e segundo o ranking europeu é a mais segura.

Para já, parece não haver vontade do Governo, mas com a autorização deste o projecto estará concretizado em dez anos.

Tiago Monteiro