A Opinião

maio 31, 2006

Qual o exemplo a seguir?!

Sempre que se fala em jovens, as palavras “irresponsabilidade”, “álcool”, “drogas”, entre outras menos boas, parecem vir coladas. Até parece que os jovens são as “ovelhas negras” da sociedade.

Tudo o que é de carácter negativo sobre os jovens tem direito a ser noticia e é sempre um bom tema de conversa dos mais velhos, até parecendo que eles nunca passaram por essa fase. Mas quando algo de valor é feito por jovens, não tem valor.

Se há jovens num mega concerto ou se há encontro de jovens ou de associações juvenis, o que interessa não é se ouve convívio entre os jovens, se transmitiram algo de novo culturalmente, apenas é noticia a quantidade de álcool consumido, se houve droga ou confronto. Se for um exemplo a seguir, então não há notícia. Passando-se o mesmo a nível profissional, já que, também um pouco infelizmente, fala-se muito de jovens desempregados ou sem grande saídas após a universidade, mas pouco se fala dos casos de sucesso, de jovens que pelo seu trabalho e mérito conseguem crescer no mundo dos negócios. É como se já não chega-se os problemas do país e a crise parecer aumentar todos os dias, só sabemos ver o lado negativo. O negativismo não ajuda a mudar as coisas, só dificulta, já que, a resposta para os problemas é a crise, e cruza-se os braços. Os exemplos a serem seguidos raramente são divulgados, tornando-se assim difícil de melhor e inovar.

A criminalidade e o refugio no álcool e/ou droga não podem nem devem ser “rotulados” a uma faixa etária, raça ou época, mas sim uma consequência das falhas do passado aplicadas no presente.

O futuro da sociedade não deve estar tanto na mão dos jovens como é dito, mas sim, “nas mãos” da família e do meio onde vivem, já que, com o tempo para estar com os filhos a diminuir, eles tendem a absorver mais a cultura e ensinamentos do meio onde vivem. Por isso deve-se apoiar e até incentivar os jovens a participar em actividades extracurriculares, porque estar em casa a jogar ou a ver televisão é muito diferente de estar numa associação recreativa ou desportiva. Ao contrário do que muitos podem pensar, as actividades extracurriculares não são uma chatice e monotonia, mas verdadeiras fontes culturais e cívicas!

É certo que os jovens bebem muito álcool e cada vez fumam mais e entram mais cedo no mundo das drogas, mas se calhar também nunca lhes foi colocada a versão que aquilo que lhe parece ser “fixe”, amanha será o seu pesadelo, ou que não é necessário estar bêbado para se divertirem mais. Até na festa mais chata, no local mais foleiro, se consegue passar excelentes momentos, basta estar com quem mais gostamos. É por esta razão que se deve participar e de incentivar jovens a participar em encontros de jovens, já que, em lugares que nem um bar há, com pessoal desconhecido, por vezes com uma fogueira e uma guitarra, acaba-se por divertirmo-nos e fazer novas amizades.

Obviamente que isto não pode ser feito todos os dias, mas podemos sempre aplicar este modelo no nosso dia-a-dia, já que no nosso trabalho, na escola ou faculdade também convivemos com varias pessoas, por vezes até desconhecidos, e não sabemos como falar com elas, porque não aprender a comunicar. Enquanto se é jovem é mais fácil estar neste encontros, mas achamos que há sempre algo mais para fazer, e quando se cresce acha-se que é uma perda de tempo para os filhos.

Sigamos os bons exemplos e incentivar o que de bom se faz e não fazer o mais simples, repetir o que os outros fazem de errado.

Ricardo Caniçais