A Opinião

abril 20, 2006

O QUE TENHO NA SALA – A Marcha dos Pinguins

O filme/documentário A Marcha dos Pinguins (La Marche de L’Empereur no original) é a mais bela história que a natureza criou... uma jornada pela preservação da espécie num filme emocionante e de imagens arrebatadoras.

É um documentário delicioso que nos conta, através de três personagens (pai, mãe e filho) todas as peripécias que este animal passa – a debandada dos oceanos, o encontro das tribos, a marcha até ao Oamock, o baile dos Pinguins, as sucessivas e intermináveis viagens de volta ao Oceano em busca de comida, e por fim, o nascimento da cria.

Este documentário, que com o correr dos minutos se transforma no mais lindo dos filmes, é genial. É genial porque a fotografia é fantástica; é genial porque as personagens prendem-nos de uma maneira inimaginável; é genial porque tem uma banda sonora intimíssima da narração que nos prende ainda mais ao ecrã (obra da não menos genial Emilie Simon); é genial porque o Pinguim é efectivamente um animal com uma dádiva e uma devoção incríveis.; é genial porque o realizador Luc Jacquet, que se estreou nestas lides, conseguiu juntar isto tudo de uma forma brilhante.

“O Pinguim dedica 9 meses da sua vida à cria”

Mas, acima de tudo, é genial porque todo o ser humano se revê (ou gostaria de se rever) neste animal patusco e simpático que é o Pinguim. Com efeito o Pinguim dedica 9 meses da sua vida à cria, ficando com os restantes 3 meses (os únicos de Verão) para gozar o Oceano e alimentar-se decentemente. O processo reprodutivo ocorre em condições extremas, desde a temperatura de -40 ºC à privação de comida que os Pais sofrem (mas… apesar de 4 meses de fome o Pai ainda tem uma migalha no fundo da boca para alimentar o filho). O filme flui assim por todas estas peripécias, e a cada uma que passa, sentimos mais orgulho e admiração por este animal – exactamente da mesma forma que a nossa vergonha se multiplica por tantas e tantas vezes não conseguirmos dar metade do que eles dão à sociedade.

É por todas estas razões que aqui proponho este filme. Porque começa-nos realmente a fazer falta filmes que mostrem o Bem de uma forma inequívoca e que incitem a um pouco de privação e altruísmo em busca de um mundo melhor. Aceite o desafio de ver o filme e verá que o sorriso no fim será um sorriso mais forte, mais vincado e certamente mais rasgado.

Miguel Miranda
25 Anos - Estudante

mmiranda.aopiniao@gmail.com