A Opinião

abril 20, 2006

MANCHETES – Têxteis – Que futuro?!

Desde o início da crise dos têxteis portugueses que se declara a necessidade de repensar o futuro do sector. Já nessa época era conhecida a inevitabilidade da abertura total de dos mercados, que alertava já para a necessidade de reconverter o sector noutro tipo de actividade mais promissora. Era então crucial que as regiões que viviam quase exclusivamente dedicadas ao têxtil e às confecções, mudassem de orientação.

“A cedência à pressão imediatista e da distribuição cega de subsídios, tomou o espaço da visão estratégica, da seriedade política e do rigor governativo”

O actual estado do sector atesta nitidamente que tal não sucedeu. A cedência à pressão imediatista e da distribuição cega de subsídios, tomou o espaço da visão estratégica, da seriedade política e do rigor governativo.

Claramente faltou audácia para recusar a manutenção dissimulada de empresas, reinou a atribuição de fundos ditos de modernização e abriram-se as portas à inscrição nos subsídios de desemprego, por período superior ao considerado regular.

Os diferentes governos possibilitaram assim a subsistência do caos, concedendo dinheiro para silenciar e enganar a crise. Perante um futuro que sabiam ter consequências certas, resumiram-se a aprazar um problema, que agora apresenta uma resolução bem mais complexa.

No concelho de Águeda, em particular na Freguesia de Valongo do Vouga, a crise têxtil originou a perda de muitas centenas de postos de trabalho. Não foram apenas postos de trabalho que se perderam, foram famílias que perderam todo o seu rendimento, que se viram impedidas de poder cumprir as suas obrigações, que deixaram de poder dar aos seus filhos o que legitimamente sempre sonharam poder dar.

Com a liberalização dos têxteis chineses, a preocupação de Portugal deve assentar, não na forma de estancar a entrada dos têxteis chineses no mercado, mas no sentido de ter produtos e negócios têxteis que sejam adequados à nossa realidade de País e nos coloquem ao nível daqueles que existem nos países desenvolvidos. A realidade portuguesa deve manter um posicionamento de mercado de domínio dos têxteis de elevada incorporação tecnológica, dos têxteis da alta moda e dos têxteis técnicos. Todavia, este posicionamento requer uma readaptação da nossa indústria e negócio têxtil.

“É tempo de nos abstrairmos do politicamente correcto e o comodismo para que não abramos ainda mais a porta a uma crise social sem precedentes”

Ou se requalifica totalmente o sector têxtil agora, ou num futuro próximo nada haverá para requalificar. A nível Europeu a reposição efectiva de barreiras alfandegárias poderá ser a única via. É tempo de nos abstrairmos do politicamente correcto e o comodismo para que não abramos ainda mais a porta a uma crise social sem precedentes, capaz de despertar revoltas que os europeus consideravam não mais se poderem repetir.

Paulo Pereira
22 Anos – Técnico Informática
ppereira.aopiniao@gmail.com

4 Comentarios:

  • Paulo e o que se passou em Valongo com a Cardifil e como a outra que não me lembro já o nome, mas que apareceu no jornal é só um pequeno problema comparando-o com certos concelhos como São João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Castelo de Paiva, Esmoriz, Santa Maria da Feira, Felgueiras, Vizela e todos aqueles metidos na bacia hidrográfica do Vale do Ave!
    Ai sim já sente a miséria que a industria têxtil tem criado nos ultimos meses!

    By Blogger João Branco, at 27/4/06 4:28 da tarde  

  • Não deixa de ser verdade o que refeferes.

    Mas tmbém não é menos verdade que naturalmente me sinto mais preocupado com o futuro daqueles que de alguma forma me estão mais próximos e melhor conheço as dificuldades por que estão a passar...

    Hoje tal como sempre, para mim Águeda está e estará sempre primeiro!

    By Blogger Unknown, at 27/4/06 4:37 da tarde  

  • Concordo e também partilho da mesma opinião!
    Já agora tens conta no MSN!

    By Blogger João Branco, at 27/4/06 4:52 da tarde  

  • gadjuh@hotmail.com

    By Blogger Unknown, at 27/4/06 9:09 da tarde  

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